segunda-feira, 25 de junho de 2018


O HOMEM QUE RETIROU O MUNDO DA ESCURIDÃO

Redigido por: Marco Antônio Paim de Andrade
São Paulo, 28 de julho de 2016

Quando nos voltamos para a história com o intuito de conhecermos os fatos que ocorreram em nosso passado, nos deparamos com dois períodos distintos, um primeiro que antecedeu um período tenebroso e intermediário denominado período ou “Idade das Trevas”, e que foi considerado como um período de escuridão na qual foram mergulhadas tanto a cultura popular quanto a cultura religiosa e a igreja católica, e após, um segundo período marcado principalmente pelo  florescimento e crescimento da igreja e de nossa sociedade, e que sucedeu esta fase de sombras.

I – Império Romano
Este primeiro período foi caracterizado pelo domínio absoluto do império romano, que teve uma longa e primeira fase de brilho e glória seguida por uma segunda fase de cristianização do império, em que Constantino I em 313, e após o Édito de Milão, passou a aceitar e a conviver com o cristianismo. Posteriormente tivemos ainda uma terceira fase, onde o império romano fragmentado em duas partes, o “Império Romano do Ocidente” governado por Honório, e o “Império Romano do Oriente” (Império Bizantino) governado pelo seu irmão Arcádio, entraram em franco declínio, até que esta culminasse com a extinção do primeiro em 476 dc quando, então, os romanos sofreram uma fragorosa derrota para os Bárbaros.
Esta terceira fase de declínio, associada á cristianização do império romano, foi acompanhada de uma fase simultânea de conflitos religiosos e da caracterização da igreja católica, ou seja, a igreja começou a moldar o seu caráter e a sua personalidade, bem como a lapidar e a definir os seus conceitos e a sua doutrina, definindo os rumos que a mesma deveria seguir. Nesta época tivemos o conflito Arianismo X Luciferianismo, onde o Bispo de Cagliari “São Lucífer Calaritano” imprime uma derrota ao bispo Melécio da Antióquia e a Arius da Alexandria, em que o Luciferianismo se sobrepõe a herética doutrina Arianista. Durante estes conflitos Lúcifer chegou a ser banido por Constantino II, que o isolou por três dias no palácio, e posteriormente o confinou inicialmente na Palestina, e posteriormente em Tebas no Egito ao lado de Eusébio de Vercelli e de Dionísio de Milão. Durante todo este período Lúcifer contou com o apoio e solidariedade de Santo Agostinho (354-430), de Santo Ambrósio e de São Jerônimo, conforme nos revelam os seus escritos em que se assumem como seguidores luciferianos. A doutrina luciferiana defendeu a tríade divina ou sagrada (Pai = Filho = Espírito Santo). Após a morte de Lúcifer, os luciferianos foram liderados por São Gregório de Elvira.
Quando o Império Romano do Ocidente começou a ruir, Agostinho desenvolveu o conceito de "Igreja Católica" como uma "Cidade de Deus" espiritual (na obra homônima) distinta da cidade terrena e material de mesmo nome. "A Cidade de Deus" estava também intimamente ligada ao segmento da Igreja que aderiu ao conceito da Trindade como o postulado pelo Concílio de Niceia e pelo Concílio de Constantinopla.

IDADE DAS TREVAS

A “Idade das Trevas”, segundo entendimento estabelecido pelos maiores historiadores e pela igreja, foi um período de profunda deterioração cultural e econômica que ocorreu na Europa, e que se caracterizou pela quase que absoluta ausência de registros e ou escritos, o que, por sua vez colocam este período numa situação de desinformação e obscuridade para os historiadores. Este período, sucedeu e precedeu a luz, ou seja, foi um período de escuridão religioso e cultural.

Esta época foi caracterizada, principalmente, pelas grandes invasões dos Bárbaros, pelas grandes migrações dos Godos (Visigodos e Ostrogodos) e Vândalos, e pelas invasões dos Vikings do Norte. Neste período tivemos o domínio Merovíngio e Carolíngio, que ficou marcado pela destruição de monumentos e manuscritos antigos que exaltavam principalmente alguns deuses das mitologias nórdicas, gregas e romanas, bem como de documentos ou registros gnósticos e apócrifos conflitantes com a história estabelecida pela igreja e pelos seus líderes religiosos. Junto á rejeição destes documentos, a história deste período também deixou de ser registrada, em função da grande escassez de mentes intelectualmente mais qualificadas e habilitadas que se motivassem a fazê-lo (havia certamente uma cassa aos bruxos). Deste período ficaram apenas algumas lendas e mitos que cercavam os habitantes e populações de algumas localidades ou região e os livros cânones e evangelhos que compunham as escrituras sagradas, e que vendiam apenas as suas histórias e versões, estas obviamente, em pleno acordo aos interesses da igreja á época. Nesta época muito se perdeu, os livros gnósticos e apócrifos haviam se perdido e só vieram a ser redescobertos recentemente em Nag Hammadi. Trabalhos importantes como “Corpus Hermeticum” e “A República de Platão” foram colocados na obscuridade, e com eles todos os livros não cânones, que foram proibidos após a condenação por Atanásio da Alexandria por ocasião do concílio de Nicéa. 
A cultura, a liberdade de expressão, os costumes e, inclusive, os valores morais foram violentamente atingidos. Uma fase de barbárie e de escuridão se instalou, a ordem social naufragou e os governos não se assentavam, o caos social se instalou e reinou absoluto.
Na Grã-Bretanha a unidade celta começou a ser progressivamente quebrada à medida que incursões violentas começaram a derrubar as tribos do Norte, os pictos e os escoceses. No mundo anglo-saxão, este período então vigente era chamado de “Dark Age”, e é responsável por duas linhas de lendas:
·                    A “Questão da Bretanha”, de origem celta, com base no Historia Regum Britanniae escrita pelo gaulês Geoffrey de Monmouth, que relata a história dos reis britânicos desde Arthur herdeiro de Vortigern e Brutus, o antepassado mítico dos celtas britânicos;
·                   “O termo anglo-saxão”, escrito com base na “História ecclesiastica gentis Anglorum” de Bede. “Bede o Venerável” ou São Bede (672-736) foi um Monge e historiador e considerado o pai da história inglesa. Bede foi, também, um linguista e tradutor responsável pela tradução de diversas obras do grego e do latim, e, portanto, prestando importante papel para a igreja cristã, pela qual foi proclamado como um dos pais da igreja. Em 1899 foi proclamado Santo e Doutor da Igreja pelo Papa Leão XIII. Durante sua vida escreveu mais de 60 livros, nos quais algumas de suas citações corroboram parte das genealogias Arthuriana e da Sagrada Família (de Maria), o que, pela sua conduta avessa a resguardar segredos da igreja, lhe rendeu, em 708, a acusação de heresia pelos monges da Abadia de Hexham. Escritos de São Bede dão certa consistência e endossam diversos mitos e lendas aumentando assim o mistério que os envolve.


Neste período, a Itália integrava o bloco do Império Bizantino (antigo Império Romano do Oriente) que possuía sua sede em Constantinopla (Istambul), e que, em 1054 com a conquista dos Normandos e com “O Grande Cisma do Oriente”, que dividiu a igreja em duas, a “Igreja Católica e Apostólica Romana” com sede em Roma e a “Igreja Católica e Apostólica Ortodoxa” com sede em Constantinopla, resultou no seu afastamento e independência. Simultaneamente, a Península Ibérica que constituía o Império Omíada e que fora substituído pelo império Al Andaluz através das mãos de Abdel-El-Rhaman que se manteve até 1031, sucumbiu e se dividiu em vários reinados independentes (Reino de Castela, de Leão, de Navarra, Galícia, Andaluz, de Toledo), até cair nas mãos de Afonso VI que acumulou o domínio de todos estes reinados juntamente com o titulo de Imperador de toda a Hispania, e que contou, em suas conquistas com o apoio de Rodrigo Díaz de Vivar, o “El Cid”. Afonso VI foi o pai de Teresa de Leão, a mãe de Dom Afonso Henriques, o primeiro Rei de Portugal.

II – Idade Média
Charles H. Haskins, Jacques Le Goff e Jacques Verger, em “O Renascimento do século XII” consideram que a segunda metade do século XI e o século XII ficaram evidenciados por uma renovação da cultura da idade média. Um período de estimulo e de prosperidade sem precedentes que nascia tanto nos aspectos geográfico e econômico quanto no religioso.
Em 1009, o califa fatímida al-Hakim bi-Amr Allah já havia provocado uma grande indignação em todo o mundo cristão quando ordenou a destruição da Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém. Após “O Grande Cisma do Oriente” de 1054, que dividiu a igreja católica em duas (vide anterior), os turcos Seleúcidas da Anatólia em guerra contra o Império Bizantino do Oriente impôs severas baixas a este com as frequentes tentativas de retomar aos mulçumanos o controle sobre a Síria, o Egito e o norte da África, que até então estavam sobre o controle dos Cristãos desde os tempos do império Romano, e com isso trouxeram o domínio sobre Jerusalém para as mãos dos Mulçumanos.
Diante desta séria ameaça, o Papa Gregório VII apelou aos milites Christi (soldados de Cristo) para partirem para o Império Bizantino no oriente, para prestar ajuda ao Imperador Bizantino Aleixo Comneno, as resistências foram imensas, até que em 1095 o Papa Urbano II proclama a “Primeira Cruzada” com o objetivo de auxiliar os Cristãos Ortodoxos do Leste a libertar Jerusalém e a terra Santa do jugo Mulçumano.
Houve um verdadeiro levante da nobreza e do povo das nações ocidentais que imprimiram uma peregrinação armada por terra e mar a Jerusalém, e que culminou com a sua conquista em 1099, criando-se assim o reino Latino de Jerusalém. No cerne deste movimento, acompanhado de Hugo de Champagne, estava “Hugh de Payens” que lutou ao lado de Godfroy de Boullion.
Em 1104, ‘Hugh de Payens” acompanhou seu Senhor Hugo de Champagne a Jerusalém onde permaneceu por três anos, até 1107. Em 1114, Pyaens mudou-se em definitivo para Jerusalém, onde, em 1118 com o apoio e incentivo do Papa Urbano II e Balduíno II Rei de Jerusalém, e junto a outros oito cavaleiros (seus primos e irmãos), fundou a “Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão”, com o firme propósito de proteger dos mulçumanos, os peregrinos que se deslocavam da Europa para Jerusalém. A fundação da Ordem dos Templários teve sua ata de criação e seu código de conduta escrito por “SÃO BERNARDO DE CLARAVAL” (seu primo), e a anuência e aprovação da mesma assinada pelo Papa Honório II.
A regra dessa ordem militar/religiosa de monges guerreiros foi escrita por São Bernardo de Claraval. A sua divisa foi extraída do livro dos Salmos: "Non nobis Domine, non nobis, sed nomini tuo ad gloriam" (Slm. 115:1 - Vulgata Latina) que significa "Não a nós, Senhor, não a nós, mas tudo pela Honra e Glória de seu nome" (tradução Almeida).
Como se depreende, a Europa Ocidental vivia um renascimento, William O Conquistador, Rei da Inglaterra, bisneto de Richard I o 3° duque da Normandia, e, portanto, pentaneto do grande Rollo, 1° duque da Normandia, estendia o domínio normando para o Reino Unido. A França, por sua vez, consolidava o reinado capetiano através do casamento de Hugo Capeto com Adelaide de Poitou, também neta de Rollo da Normandia. Na península Ibérica começavam a germinar os Reinos da Espanha e de Portugal, e a Itália também se desvencilhava do antigo “império romano do oriente” ou bizantino. E de outro lado, a igreja católica se organizava e fortalecia Roma como a sua sede.


Nesta esteira de acontecimentos, SÃO BERNARDO DE CLARAVAL teve um papel preponderante nas mudanças que viriam a acontecer tanto na igreja como na sociedade local (Europa Ocidental). Bernardo vinha de uma família importante, seu bisavô Geoffrey Taillefer (Braço de Ferro) era neto de Geoffroy I Conde D’Anjou e de Adelaide de Vermandois (bisneta de Robert I Capeto, Rei da França), e ainda era primo de Émeline de Touillon, a primeira das três esposas de Hugh de Payens.

SÃO BERNARDO, nasceu em 1090 em Fontaines Le Dijon e foi o terceiro de sete filhos de Tescelin le Roux de Sorrel e de Santa Aleth de Montbard, 

a irmã de André de Montbard (5° dos 9 cavaleiros da Ordem do Templo, ao lado de Hugh de Payens). Em 1100, foi enviado para a escola canônica St. Vorles em Châtillon-sur-Seine. Lá, após o básico, seguiu o trivium, o ensino de graduação dedicado às letras (gramática, retórica e dialética), onde desenvolveu um gosto especial pela literatura e adquiriu bons conhecimentos da Bíblia, dos Padres da Igreja e de vários autores latinos: Horace, Lucan, Seneca (Cartas a Lucílio), Tácito, Juvenal, Pérsia, Stace, Terence e, acima de tudo, Cícero, Virgílio e Ovídio (incluindo, por último, a arte do amor), que fez dele um perfeito representante dos estudiosos de seu tempo. Ele não seguiu o quadriviun (aritmética, geometria, música e cosmologia), e, aos dezesseis anos quando perdeu sua mãe, partiu para uma vida mundana. Em 1112, BERNARDO teria tido uma visão e falado com Deus, então, reuniu alguns de seus irmãos e amigos (cerca de trinta adolescentes), e buscou a Abadia cisterciense, recém-fundada por Robert de Molesme e pelo Abade Stephen Harding, dando assim um impulso a mesma, que, à época, se encontrava em franco declínio por falta de novos membros.

Em 1115, Bernardo, cuja Abadia havia rompido com a Ordem de Cluny para se alinhar plenamente a Regra de São Bento, assumiu o ascetismo monástico, e com o apoio de Sthepen Harding, seguiu para o Vale de Sainté Clare (Clare + Vaux) para receber as terras doadas por Hughes de Champagne para fundar a segunda Abadia Cisterciense, Abadia de Claraval “Clairvaux”. Bernard tornou-se assim o seu abade, e foi confirmado como tal por William de Champeaux, bispo de Chalons-en-Champagneo famoso teólogo. A disciplina de Bernard era muito dura; continuou seus estudos da Sagrada Escritura e dos Padres da Igreja, e converteu seus pais e demais irmãos em monges da nova Abadia. Bernardo era muito carismático e conseguiu trazer diversos amigos e Senhorios para apoiar a nova Abadia. Incorporou o convento de Jully les Nonnains, onde sua irmã Umbeline assumiu os hábitos, e em 1118 incorporou as Abadias de La Ferté, Pontigny e Morimond a Abadia de Claraval e a Ordem Cisterciense. Até 1133, Bernardo e seus monges viveram de modo rústico e muito pobre, mas convencido em ampliar o número de Abadias, assim, nos anos que seguiram, acumulou um total de 68 Abadias, sendo 11 por incorporação e 57 através de fundações. Em 1145 todas elas já haviam sido consagradas, e na metade do século XII a Ordem Cisterciense já contava com 343 estabelecimentos frente aos 300 da Ordem de Cluny.

Em 1119, Bernard participou da convenção geral da Ordem Cisterciense convocada por Stephen Harding, e ajudou a redigir a "Carta da Caridade" confirmada pelo Papa Calisto II, e em 1132, recebeu a independência do Papa para Clairvaux frente à Cluny.
Por todo o trabalho desenvolvido na expansão e instalação da Ordem Cisterciense, mas principalmente pelo trabalho sacerdotal e pelo combate a introdução do método dialético-filosófico na construção do pensamento teológico defendido pelo Padre Abelardo, Bernardo, seu mais ferrenho adversário, recebeu o título de “O Último dos Padres”.
Bernardo lutou contra a heresia dos Cátaros, que desprezavam a matéria e o corpo humano, e, por conseguinte, o Criador. Defendeu os judeus, condenando cada vez mais os brotos de antissemitismo; e por este aspecto, algumas décadas mais tarde, Epharim, rabino de Bonn, dedicou-lhe uma vibrante homenagem. Nesse mesmo período, o santo abade escreveu suas obras mais famosas, como os celebérrimos Sermões sobre o Cântico dos cânticos.
Bernardo tornou-se a personalidade mais conhecida e ilustre do século XII e uma das mais importantes da igreja católica. Em seus últimos 20 anos de vida, boa parte de seu tempo foi voltado para solucionar conflitos que afligiam a igreja e a Santa Sé. Neste período, ele aproveitou para revisar o conjunto de Cartas, Sermões e Tratados que escreveu, dentre os quais não poderíamos deixar de mencionar, o livro que terminou precisamente em 1145, quando, seu aluno, Bernardo Pignatelli foi eleito Papa com o nome de Eugênio III. Nessa circunstância, Bernardo, na qualidade de pai espiritual, escreveu o texto “De Consideratione”, que contém ensinamentos de como se tornar um bom papa. Nesse livro, que continua sendo leitura obrigatória para os papas até os dias de hoje, Bernardo não somente indica como ser um bom papa, mas expressa também uma profunda visão do mistério da Igreja e do mistério de Cristo, que se resolve, no final, com a contemplação do mistério de Deus uno e trino: “Deveria prosseguir ainda a busca desse Deus que ainda não foi bastante buscado – escreve o santo abade –, mas que talvez se possa buscar e encontrar mais facilmente com a oração do que com a discussão. Terminemos, portanto, aqui o livro, mas não a busca” (XIV, 32: PL 182, 808).

Com o Cisma de 1130, após a morte de Honório II, dois Papas foram eleitos para substituí-lo, o Cardeal Aimeric, com o nome de Inocêncio II e o Cardeal Pierleone que recebeu o nome de Anacleto II, e que contou com o apoio de Roger II, Rei da Sicília. Diante do conflito, Louis VI da França convocou um Sínodo em Etampes e pediu a Bernardo que o conduzisse, e assim ele o fez; proferindo um discurso inflamado em que defendia Inocêncio II, já que este representava o lado mais saudável da cúria (sanior pars), e condenou o fato de Anacleto II, que por possuir origem judaica, não seria concebível, pois estariam aceitando que um judeu viesse a ocupar a cadeira de São Pedro. Este conflito perdurou até 1137 quando Anacleto II (antipapa) morreu e Inocêncio II convocou o Concílio de Latrão para acabar com o Cisma em 1138, durante este período Roger II e os apoiadores de Anacleto II (antipapa) não aceitavam Inocêncio II (Papa) e o conflito não se resolvia, Bernardo confirmou a indicação de Inocêncio com a conquista dos apoios de Henry I, Rei da Inglaterra e de Lotário III, Imperador da Alemanha, e assim o conduziu a Roma.
Em 1145, Bernardo conduz Eugênio III, o seu discípulo, como o novo Papa da Igreja, e por sua solicitação frente à ameaça que ronda o Reino de Jerusalém com a queda do Condado de Edessa, convoca a Segunda Grande Cruzada que contou com o apoio e iniciativa de Louis VII Rei da França.
Bernardo continuou trabalhando e apoiando a Santa Sé, combateu o desenvolvimento da heresia dos Cátaros onde foi o responsável pela criação da Cruzada Albigense; lutou na Alemanha no combate a violência anti-judáica estimulada por Raoul Rudolph, um ex-monge de Claraval que pregava a matança de Judeus; lutou para salvaguardar a ortodoxia católica, lutou contra Abelardo, combateu a tese da Imaculada Conceição e participou ativamente de outras teses debatidas pela igreja como a indissolubilidade do matrimônio.
Parte do depoimento do Papa Bento XVI na audiência geral de 21 de outubro de 2009.
Eu gostaria de deter-me somente em dois aspectos centrais da rica doutrina de Bernardo: estes se referem a Jesus Cristo e a Maria Santíssima, sua Mãe. Sua solicitude pela íntima e vital participação do cristão no amor de Deus em Jesus Cristo não traz orientações novas no status científico da teologia. Mas, de forma mais decidida que nunca, o abade de Claraval configura o teólogo com o contemplativo e o místico.
Só Jesus – insiste Bernardo, frente às complexas reflexões dialéticas do seu tempo – é “mel na boca, cântico no ouvido, júbilo no coração” (mel in ore, in aure melos, in corde iubilum). Daqui provém o título, atribuído a ele pela tradição, de Doctor mellifluus: seu louvor a Jesus Cristo “se derrama como o mel”.
Nas extenuantes batalhas entre nominalistas e realistas – duas correntes filosóficas da época –, o abade de Claraval não se cansa de repetir que só há um nome que conta, o de Jesus Nazareno. “Árido é todo alimento da alma – confessa – se não for tocado por este óleo; é insípido se não for temperado com este sal. O que escreves não tem sabor para mim, se não leio nele Jesus”. E conclui: “Quando discutes ou falas, nada tem sabor para mim, se não sinto ressoar o nome de Jesus” (Sermões em Cantica Canticorum XV, 6: PL 183,847). Para Bernardo, de fato, o verdadeiro conhecimento de Deus consiste na experiência pessoal, profunda, de Jesus Cristo e do seu amor. E isso, queridos irmãos e irmãs, vale para todo cristão: a fé é, antes de qualquer coisa, um encontro pessoal e íntimo com Jesus; é fazer a experiência da sua proximidade, da sua amizade, do seu amor, e somente assim se aprende a conhecê-lo cada vez mais, a amá-lo e segui-lo cada vez mais. Que isso possa acontecer com cada um de nós!
Em outro célebre sermão do domingo dentro da oitava da Assunção, o santo abade descreveu em termos apaixonados a íntima participação de Maria no sacrifício redentor do seu Filho: “Ó santa Mãe – exclama –, verdadeiramente uma espada transpassou tua alma! (...) Até tal ponto a violência da dor transpassou tua alma, que com razão podemos te chamar mais que mártir, porque em ti a participação na paixão do Filho superou muito em intensidade os sofrimentos físicos do martírio” (14: PL 183,437-438).
Bernardo não hesita: "per Mariam ad Iesum": através de Maria somos conduzidos a Jesus. Ele confirma com clareza a subordinação de Maria a Jesus, segundo os fundamentos da mariologia tradicional. Mas o corpo do Sermão documenta também o lugar privilegiado da Virgem na economia da salvação, dada sua particularíssima participação como Mãe (compassio) no sacrifício do Filho. Não por acaso, um século e meio depois da morte de Bernardo, Dante Alighieri, no último canto da “Divina Comédia”, colocará nos lábios do Doutor melífluo a sublime oração a Maria: “Virgem Mãe, filha do teu Filho/ humilde e mais alta criatura / término fixo do eterno conselho...” (Paraíso 33, vv. 1ss.).
Estas reflexões, características de um enamorado de Jesus e de Maria, como São Bernardo, provocam ainda hoje, de forma saudável, não somente os teólogos, mas todos os crentes. Às vezes se pretende resolver as questões fundamentais sobre Deus, sobre o homem e sobre o mundo com as únicas forças da razão. São Bernardo, ao contrário, solidamente fundado na Bíblia e nos Padres da Igreja, recorda-nos que sem uma profunda fé em Deus, alimentada pela oração e pela contemplação, por uma relação íntima com o Senhor, nossas reflexões sobre os mistérios divinos correm o risco de ser um vão exercício intelectual e perdem sua credibilidade. A teologia reenvia à “ciência dos santos” a sua intuição dos mistérios do Deus vivo, a sua sabedoria, dom do Espírito Santo, que são ponto de referência do pensamento teológico.
Bernardo morreu em 20 de agosto de 1153, data em que nasceu para o céu, e, portanto, em que é comemorado. Em 1174, Bernardo foi canonizado por Alexander III, e em 1830 foi proclamado “Doutor da Igreja” pelo Papa Pio VIII, e em 1953 foi proclamado “Doctor Mellifluus” e declarado o “Último dos Padres” pelo Papa Pio XII na Carta Encíclica redigida em memória do 8° centenário de sua morte. Relíquias de São Bernardo são encontradas em algumas Abadias cistercienses, e uma estátua em sua homenagem foi erigida no Louvre ao lado das figuras consideradas como as mais ilustres da humanidade.

A MUSICALIDADE DE SÃO BERNARDO DE CLARAVAL
A Arquitetura e o Canto na Concepção de São Bernardo
Um fato incontestável foi identificado por estudiosos de arquitetura nas Abadias Cistercienses, que é a relação existente entre a geometria das mesmas e das proporções de suas partes com o movimento rítmico e harmônico de seus cantos. Fontenay denominou as plantas com estas características como planta Bernardina.
Bernardo, em seu “Tratado de Canto”, descrito no prefácio do Antifonário cisterciense, informa que recebeu esta recomendação no Concílio Geral de 1140, por ocasião da revisão da reforma ocorrida no Canto Gregoriano, que ocorreu para corrigir distorções relativas ao Antifonário da igreja de Metz.
Bernardo havia recusado a reforma musical anterior criada por Estevão Harding, com base na “gravitas cisterciense”, na autenticidade e no espírito de racionalidade, que são os princípios sob os quais foi fundada a estrutura melódica, a qual deveria atribuir à forma, dentro das possibilidades, a estrutura rítmica e dinâmica do canto gregoriano, com o ritmo e a harmonia se comunicando com a alma da estrutura arquitetônica, onde o canto se cristaliza na massa e as massas se derretam em movimentos.
São Bernardo e a música Gregoriana
No âmbito de renovação da ordem cisterciense houve também a ideia de restauração musical à tradição mais antiga, e esta, se iniciou pelo fundador de Cister, Roberto de Molesme que contou com o impulso de Santo Estevão Harding, sábio organizador. Eles se dedicaram a simplificar a liturgia e a corrigir o texto da vulgata buscando manter a originalidade primitiva do canto gregoriano. Santo Estevão não poupou esforços para individualizar a versão mais pura, dadas as notáveis diferenças de uma mesma melodia e as variantes de antifonário para antifonário. Com equilíbrio e prudência, buscou a solução mais sábia nas escolas de Metz e Sanct Gallen, fundadas respectivamente por Pietro e Romano, cantores convidados de Adriano I e de Carlos Magno. A tradição dizia que Metz havia recebido do próprio Adriano I, o seu primeiro antifonário em 760, apenas um século e meio após a morte de São Gregório. Muitos estudiosos sustentam que o prestigio e autoridade das escolas de Metz e Sanct Gallen constituem a “primeira e fundamental fonte para a reconstrução do autêntico canto gregoriano”. Diante disto, pareceu lógica a escolha de Santo Estevão, que confiou no uso dos manuscritos de Metz para as melodias do gradual e do antifonário. Já para o hinário ele aplicou a regra do conhecido “ambrosiano”, e assim, entre 1113 e 1115, ele enviou alguns monges a Milão para copiá-los.
A hinologia ambrosiana, do tipo oriental, havia influenciado todo o ocidente, pois possuía uma força excepcional, que comoveu Santo Agostinho as lágrimas: “Como eu chorava por causa da violenta comoção que provara quando ouvia cantar na igreja de Milão os hinos em louvor ao Deus altíssimo! Enquanto este som tão doce e agradável atingia meus ouvidos a verdade brotava em meu coração!”. O abade Estevão Harding, desta forma, conseguiu fazer prevalecer sua reforma aplicada ao canto gregoriano tornando-o mais puro e iluminado. Já a importação de hinos ambrosianos pela França, e a escolha de composições messinas propostas em um período de plena decadência, provocaram queixas de um grupo de monges, tendo à frente São Bernardo.
Assim, com a morte do reformador ocorrida em 1134, predominou a opinião de São Bernardo e dos seus partidários que definiram como “absurdas” a obra, imposta com autoridade. Estevão foi acusado de seguir mais um modelo do que considerar a extensão natural das melodias. Diante deste cenário, e com a autorização do capitulo geral de 1148, São Bernardo empreendeu uma segunda reforma, propondo-se retornar à tradição mais autêntica. Desta forma nomeou uma comissão de especialistas na qual se destacavam Guido de Cherlieu e Guido d’Eu que procederam à pesquisa de um repertorio “et cantu, sicut credimus, et litera irreprehensible”, onde procuraram observar três princípios:
Primeiro princípio – enquadrou cada melodia nos limites morais previstos pela teoria da unidade modal de São João Damasceno, considerado o São Gregório do canto bizantino. A teoria compreendia:
a) A coincidência da final da tônica;
b) A extensão da melodia, caracterizada pelos modos autêntico ou plagal;
c) Uma única dominante em cada melodia, em torno da qual deveria manter cada composição.
Segundo principio – Foi o de retificar as melodias que ultrapassassem a extensão de uma décima, com base na interpretação material do Salmo 143, 9 “In psalterio decachordo psallam tibi”.
Terceiro princípio – Uso moderado do bemol, tido como sinal de corrupção da versão original. Este acidente deveria ser excluído todas as vezes que a melodia pudesse ser escrita diversamente.
Na apresentação do novo antifonário, São Bernardo e companheiros eram confortados pelo fato de que enquanto os outros antifonários eram diferentes entre si por obra do acaso, os cistercienses o eram como fruto de princípios racionais. Certamente nesta heterogeneidade apresentada por São Bernardo, destacava-se melhor a grande reforma de Cister.

A ESPIRITUALIDADE DE SÃO BERNARDO DE CLARAVAL
É notável o alcance de seu desenvolvimento espiritual. Suas reflexões sobre “A Paz Interior”, “O Caminho para Deus” abordado em “O Tratado sobre o Amor de Deus”, “Livre Arbítrio”, “Reflexões sobre as Cruzadas” e outros temas, são palco nas inúmeras obras que deixou e que são atuais ainda hoje, e orientam ainda o caminho da igreja:
Bernardo foi instrumental ao reenfatizar a importância da "Lectio Divina" e da contemplação sobre as Escrituras na Ordem de Cister. Ele observou que, quando ela era negligenciada, sofria o monasticismo e, mais, considerava que elas juntamente com a contemplação guiada pelo Espírito Santo eram chaves para nutrir a espiritualidade cristã.
Expandindo sobre a doutrina de Santo Anselmo de Cantuária (outro Doutor da Igreja), Bernardo transmutou o cristianismo calcado no ritual sacramental típico da Alta Idade Média, numa nova fé mais pessoal, que tinha a vida de Cristo como modelo e com grande ênfase na Virgem Maria. Ao contrário do viés racionalista utilizado para compreender o divino adotado pelo escolasticismo, Bernardo pregava uma fé mais imediata tendo Maria como intercessora.

ESTUDOS SOBRE SÃO BERNARDO
São centenas de religiosos, historiadores, filósofos e outros pensadores que se dedicam ao estudo de sua vida e obras além de inúmeras instituições e Universidades, todos eles com trabalhos publicados sobre São Bernardo.

CONCLUSÃO
O período de Trevas, ou “Dark Age”, havia sido um período muito difícil onde o povo vivia de maneira muito rude e com um comportamento muito bruto. O nível cultural era muito baixo, o estado muito precário e as mulheres possivelmente foram as grandes vitimas da sanha de um povo avesso aos princípios morais que devem reger uma sociedade. Com o “Grande Cisma do Oriente” e em seguida com a deflagração da “Primeira Cruzada”, a sociedade cristã da Europa Ocidental reagiu com muita força e de uma forma emocional. Os homens (Cavalheiros) que faziam parte da nobreza, que possuíam um melhor nível educacional e cultural, e que detinham mais posses e proeminência foram tomados de um sentimento de repulsa a agressão desencadeada pelos mulçumanos, e a sua omissão ou indiferença a causa cristã era tomada como um ato de covardia. Assim a mobilização e adesão, principalmente destes cavalheiros, ocorreu de uma forma maciça, eles tinham orgulho de se entregar a causa; os mais humildes e menos abastados também aderiam á causa, mas a elite predominava nas frentes de batalha, e estes guerreiros ou soldados eram chamados de “Soldados de Cristo” ou “Cavaleiros de Cristo”.
A primeira grande cruzada mobilizou toda a Europa e seus governos, o Papa Urbano II foi o grande protagonista deste movimento e a igreja assumiu a direção e coordenação deste movimento junto ao povo e aos governos dos reinos europeus. Para ser admitido nesta cavalaria era necessário obter a anuência da igreja. Da mesma forma, os estados europeus apoiaram a igreja e se curvavam a ela, já que a adesão popular era muito forte e acabou, por sua vez, por transferir esta força a igreja.
Após a vitória da primeira cruzada, e com o estabelecimento do reino de Jerusalém, as peregrinações de cristãos começaram a ocorrer, e simultaneamente estes eram submetidos a saques e massacres por parte dos mulçumanos. Objetivando garantir a segurança destes peregrinos, o Papa Urbano II, Balduíno II Rei de Jerusalém, Hugo I Conde de Champagne e Hugh de Payens tomaram a iniciativa de criar a “Ordem dos Pobres Cavaleiros do Templo de Salomão”; as ruínas do Templo de Salomão haviam sido cedidas por Balduíno II para que fosse utilizada como sede da nova Ordem. Diante desta iniciativa, Hugh de Payens convocou mais oito cavaleiros para compor a ordem, dos quais alguns ou eram seus primos ou irmão, já São Bernardo que em 1115 havia assumido a Abadia de Claraval passou a ser o braço do Papa na nova Ordem, a qual deveria seguir rigorosamente os princípios e diretrizes estabelecidas pela igreja, pois os membros da nova ordem seriam na realidade “Monges Guerreiros”, com compromisso e conduta prioritariamente de um monge, á de um guerreiro.

São Bernardo quando assumiu a Abadia de Claraval possuía um comportamento ascético e era extremamente rigoroso; sua conduta era muito mais dura que a estabelecida pela regra beneditina, e ele era um crítico feroz e questionador das atitudes da igreja no que tange ao comportamento ético e religioso. Ele simplesmente não aceitava um comportamento que estivesse em desacordo com as sagradas escrituras. Ele cultivava a austeridade e valorizava a simplicidade. A “Ordem dos Templários”, portanto passou a ser um apêndice da Abadia de Claraval. Bernardo redigiu a “ata de criação”, o estatuto, as regras de conduta, a “Carta da Caridade” e estabeleceu os princípios e virtudes que deveriam ser observadas pelos cavaleiros do templo.

Bernardo transformou o Mosteiro de Claraval no berço de grandes mudanças históricas, suas principais obras, tratados e homílias eram uma apologia ao “AMOR”, o “tratado de Amor a Deus” e o “Comentário ao Cântico dos Cânticos” eram um exemplo disto. Os mosteiros beneditinos por outro lado, se dividiam em duas correntes, os “Mosteiros Beneditinos Brancos” (Ordem Cisterciense ou de Císter “Cristo”) e os “Mosteiros Beneditinos Negros” (Ordem Cluiacenses ou de Cluny), cujo aspecto era identificado pela cor de seu hábito Branco ou Negro, onde os princípios observados pela ordem cisterciense se opunham a ordem de Cluny.

A “Ordem Cisterciense” cresceu pelas mãos de São Bernardo, a ideia de sacralização da milícia, como meio para defender a fé, e a moralidade da religião como forma de canalizar ações para as pessoas consideradas mais frágeis, como os idosos, crianças e viúvas, recebeu o apoio total da sociedade, que mais uma vez se entusiasmou e aderiu maciçamente a nova “Ordem do Templo”. Fulk V, Conde D’Anjou casado com Melisende, a filha de Balduíno II foi um cavaleiro templário, e seu filho Geofrey Plantageneta se casou com Matilda filha de Henry I, Rei da Inglaterra, e foram pais de Henry II também Rei da Inglaterra. Ricardo Coração de Leão renunciou a coroa da Inglaterra em favor de John Lackland, seu irmão, para se tornar um templário e lutar em Jerusalém. Robert de Bruce que se casou com Agnes Paim, e que foi pentavô de Robert de Bruce Rei da Escócia também foi um templário, e seu pentaneto “O Coração Valente” retro citado foi um templário. O próprio Hugo I, Conde de Champagne, renunciou ao seu ducado para se tornar um templário.

A conduta do povo e de seus cidadãos mudou, nesta época começaram a surgir os trovadores que externavam o seu amor a mulher amada e que exaltavam as suas qualidades, beleza e demais atributos; as mulheres começaram a serem vistas de forma diferente, e principalmente começavam a ser mais respeitadas. A conduta do povo e da sociedade mudou, seus governantes passaram a adotar uma administração mais preocupada em atender as necessidades da sociedade, inclusive no que tange a educação e a justiça; a igreja passou a ter um papel mais importante e os pagãos, cada vez mais passaram a aceitá-la e a se converterem. Nesta época foi criado o Domesday Book que registravam todos os proprietários de terras ou de casas no Reino Unido, igualmente nas outras nações o estimulo ao registro de informações passou a contribuir com a história, veja-se a contribuição das igrejas neste sentido.
Estudiosos ligados à igreja consideram que Santo Agostinho foi a última chama de luz acesa antes do início da “Idade das Trevas”, e São Bernardo de Claraval como a primeira fonte de luz a se acender após este período de escuridão, seguido de perto por São Thomás de Aquino (início do século XIII). São Bernardo, ainda hoje, é considerado como o Santo mais devotado e venerado pelos membros do clero.
Na "Divina Comédia", de Dante Alighieri (1265-1321), Bernardo é o último dos guias de Dante, conduzindo-o através do Paraíso (cantos XXXI–XXXIII). O motivo parece ser o misticismo contemplativo de Bernardo, sua devoção à Virgem Maria e sua reputação de eloquência.

São Bernardo de Claraval foi, nestes dois milênios da igreja, o maior devoto de Maria, a pessoa que mais a exaltou e que transferiu ao povo o exemplo de sua vida, a “Ordem dos Cavaleiros do Templo de Salomão” carregam a atribuição de defensores do Santo Graal e de defensores da “Dinastia de Maria” em razão desta forte ligação de São Bernardo á Maria, onde sua nora Maria Madalena seria na realidade este Santo Graal, pois carregava em seu interior o sangue de Cristo, e, por conseguinte o de seus descendentes.

São Bernardo foi sem dúvida foi um marco em nossa história, onde um novo mundo surgiu, cresceu e prosperou, Santo Agostinho de outro lado foi o outro marco, onde um velho mundo se encerrou e foi enterrado, deixando-nos apenas sua história, que de certo modo, até com riquezas de detalhes. No meio ficou um vácuo, um período de escuridão, em que não sabemos na realidade o que aconteceu, qual foi a história deste período, qual o fundo de verdade existente nos mitos e lendas, e quais as afirmações de São Bede que registram esta época poderão ser criveis.
Minha percepção é de que “São Bernardo de Claraval” realmente foi um Santo Iluminado, quem lê as suas obras e quem escuta as suas músicas não tem dúvidas, ao contrário sentem como eu que os seus caminhos são iluminados, e que ele encerra realmente nossas fases de treva ou de escuridão.

Obrigado São Bernardo pela sua luz.

“Marco Antônio Paim de Andrade”

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